Edição do dia 12/12/2015

12/12/2015 21h23 - Atualizado em 12/12/2015 21h23

Cientistas criam sensor para ajudar no combate ao Aedes aegypti

Com sensores colocados em armadilhas, os pesquisadores querem poder monitorar pelo som do mosquito em que áreas da cidade eles estão.

Cientistas de São Carlos, no interior de São Paulo, inventaram uma engenhoca que consegue analisar o barulho que o mosquito faz. E isso pode ter uma utilidade enorme.
Muito antes de ser um risco para a saúde pública, mosquitos já eram irritantes. Muito irritantes. Não há quem não fique maluco com o barulho deles.

Mas um pesquisador prepara uma espécie de vingança. Quer usar o zumbido insuportável contra o próprio mosquito. Ele desenvolveu um sensor que identifica o mosquito pelo barulho que ele faz.

Antes de explicar para que serve o sensor, vamos explicar como ele funciona. Para tentar ajudar, usamos uma supercâmera lenta. Por mais que se pareçam, quando a gente vê a olho nu os mosquitos voando, eles são muito diferentes.

“A gente sabe que diferentes insetos batem asas de formas diferentes, em diferentes quantidades de asas, diferentes formatos de asa. Então, as características de voo, a gente acaba identificando e criando o sistema de reconhecimento”, explica Gustavo Batista, pesquisador do ICMC-USP São Carlos.

O Aedes aegypti bate as asas muito mais rápido que outros mosquitos e quando passa em frente ao laser, o barulhinho fica registrado.

No vídeo, tem dois sons captados pelo sensor. Veja a diferença. O som é bem rapidinho, porque ele capta quando o inseto passa em frente ao laser. Você pode perceber que o primeiro é bem diferente do segundo som. Dá pra distinguir os dois pelo ouvido mesmo. Isso porque o primeiro é um mosquito – o Aedes aegypti, da dengue, zika e chikungunya. Já o segundo, é um besouro. São insetos bem diferente e fazem, claro, barulhos diferentes. A gente consegue distinguir pelo ouvido.

Agora, o sensor que os cientistas estão desenvolvendo, é capaz de identificar e distinguir até o Aedes aegypti macho da fêmea.

“A fêmea e o macho do Aedes têm batimento de asa bem diferente. Então, a gente consegue acertar com quase 99% de acerto entre fêmeas e machos”, conta o pesquisador.

Isso é importante porque, no caso do Aedes, quem transmite as doenças é sempre a fêmea. Com sensores colocados em armadilhas, os pesquisadores querem poder monitorar em que áreas da cidade tem o mosquito.

E também dizer, em tempo real, se a quantidade está aumentando ou diminuindo.

“É uma forma de você economizar os recursos e centrar todos os recursos que a gente tem nas áreas de maior interesse. Então você vê exatamente quais áreas de maior densidade do mosquito, manda as equipes pra essas áreas prioritariamente pra fazer o primeiro, primeiro controle do mosquito”, diz o pesquisador.