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Evento de confraternização reunirá ex-alunos e orientadores.
Data da publicação: 04/08/2022

Defesa da tese de Andre Bannwart Perina com seu orientador Vanderlei Bonato, o atual vice-diretor Adenilso Simão, a pres. da CCP-CCMC Kalinka Castelo Branco e a ex-diretora do ICMC Maria Cristina Ferreira de Oliveira.

 

Em um ambiente onde os números fazem parte do cotidiano, o número 3000 poderia ser apenas mais um deles. É, no entanto, outro marco que o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da USP em São Carlos, atinge no seu cinquentenário. Estamos falando da quantidade de dissertações e teses defendidas no período, que foi celebrada simbolicamente no dia em que o aluno André Bannwart Perina, orientado pelo professor Vanderlei Bonato, fez sua defesa.

Graduado pelo ICMC em Ciências de Computação, André conta que descobriu sua vocação para a carreira acadêmica em 2012, quando começou os primeiros projetos de iniciação científica e resolveu dedicar-se à área que o tornou doutor em Ciências da Computação e Matemática Computacional. Sua tese é sobre o desenvolvimento de ferramentas de mapeamento em alto-nível para arquiteturas heterogêneas com FPGAs. “Antes da graduação, eu não pretendia seguir por este caminho por desconhecer ainda como o mundo acadêmico funcionava. Após o primeiro ano, já estava em contato com orientadores e buscava projetos de pesquisa nessa área até chegar ao doutorado. Fui seguindo o caminho das pedras acadêmico, pois me pareceu durante todo esse tempo ser o caminho que mais se encaixava comigo. Eu gosto de observar, transmitir e absorver o conhecimento e eu acho que a ciência é um bom lugar para quem gosta de mexer com o conhecimento”, disse André, que tem a intenção de seguir na carreira acadêmica. “Ser cientista no Brasil é uma luta e o que me move é a vontade de lecionar. Nos faz bem quando fazemos algo bom para a sociedade e eu acho que esta tarefa de transmitir o conhecimento – seja lecionando ou produzindo conteúdo científico para outras pessoas, me dá esse sentimento de estar dando uma contribuição positiva para a sociedade de algum modo”.

Os longos anos que distanciam a tese de André da primeira dissertação defendida no ICMC, em 1970, ainda carregam essa força de vontade de colocar a ciência acima de todos os obstáculos que a carreira acadêmica demanda. Foi assim com o atual professor emérito do Instituto, Hildebrando Munhoz Rodrigues, que relembrou com a gente como tudo começou. “No início dos anos 70, junto com o nascimento do ICMC, começou a ser implantado um novo sistema de pós-graduação na USP e a convite do meu orientador na época, resolvi participar desse novo processo que passou a ser mais criterioso na seleção dos alunos, algo que antes não havia”, disse.

A dissertação datilografada com o tema “Invariância para Sistemas não Autônomos de Equações Diferenciais com Retardamento e Aplicações” tem lugar de destaque na sala. E logo após o mestrado, veio o doutorado nessa mesma área. “ Nunca trabalhei em nada que não tivesse aplicação prática, os modelos de retardamento eram um dos primeiros trabalhos no Brasil e que só foram aprimorados nos anos seguintes, sendo aplicados nos dias de hoje, por exemplo, no controle da pandemia de Covid-19”, disse. “ Na época, nós cuidamos também da criação do programa para que os mestres tivessem formação ampla e os doutores saíssem com especialização e produzissem resultados inéditos, exigência que segue até agora”.

 

Hoje professor emérito, Hildebrando Munhoz Rodrigues defendeu a primeira dissertação do ICMC.

 

Mestres e doutores: uma população em crescimento no ICMC

Indicadores gerais da USP demonstram que o crescimento na formação dos mestres e doutores no ICMC se deu de forma intensa a partir dos anos 2000. Cerca de 800 alunos se matriculam anualmente nos programas de pós-graduação oferecidos pelo Instituto nas áreas de mestrado e doutorado acadêmico, mestrados profissionais, MBAs e especializações.

O vice-diretor do ICMC, Adenilso da Silva Simão, analisou esse número cheio de significado, que são as 3.000 defesas. “Olhando para esse número simbólico nos deparamos com resultados que apontam para o sucesso dos programas de mestrado e doutorado no ICMC, comprovado pela expansão de alunos concluintes e títulos outorgados ano a ano”, disse.

Segundo ele, o interesse cada vez maior dos alunos mostra a seriedade do Instituto também nesse tipo de formação. “Notamos que as motivações para ingressar em um dos programas são muito pessoais, sendo a maioria de pessoas com interesse em seguir carreira acadêmica, no entanto, é importante destacar que o mercado para os profissionais da matemática e computação está muito aquecido e são as áreas que oferecemos aqui no ICMC. Esses profissionais sabem que quanto maior for a capacitação, mais chances terão de se destacar nesse ambiente de competitividade”.

Adenilso lembra que a diferença entre quem opta pelo mestrado ou doutorado é a profundidade dos temas a serem pesquisados. “Sabemos que o tempo que foi dedicado por um aluno de doutorado significa dizer que ele chegou a um ambiente de conhecimento que poucos atingiram, uma vez que a inovação é premissa básica para esse pesquisador ter chegado onde chegou. Sendo assim, ele tem muito a contribuir seja no segmento profissional ou acadêmico”.

Reconhecida nacionalmente como capital da ciência e tecnologia, São Carlos é naturalmente um polo de conhecimento que atrai pesquisadores de todo país e exterior, se destacando pelo considerável aumento no número de profissionais com doutorado. Hoje, são mais de 2.530 doutores para aproximadamente 250 mil habitantes, média quase dez vezes maior do que a nacional.

“Esse ambiente também explica o interesse pelos nossos programas e tantos outros oferecidos pelas instituições de ensino de São Carlos que é uma cidade especialmente acolhedora para os interessados em produção de conhecimento. Os alunos vão dando sequência aos estudos e se estabelecendo no município”.

No entanto, Adenilso observa que estamos falando de uma ilha, já que o Brasil tem muito a avançar na formação de mestres e doutores. “O país precisa das contribuições mais profundas desses especialistas que são capazes de chegar a um nível de complexidade em termos de produção de ciência que a maioria não atinge. O doutor é aquele profissional que fecha o foco em determinado problema a ser resolvido. Se não produzirmos muitos doutores, dificilmente sairemos dessa faixa onde muitos sabem um pouco de tudo, mas não necessariamente produzem soluções inéditas ou fazem grandes descobertas”.

“Um aluno de pós-graduação tem em sua essência a insatisfação de que nunca é suficiente aquilo que ele sabe, que sempre é possível avançar em conhecimento e por isso, quanto maiores forem as possibilidades oferecidas, mais estaremos contribuindo com as necessidades desses alunos, sejam eles os que resolveram se dedicar à academia ou alcançarem maior excelência em profissionalização no mercado de trabalho. Para os próximos anos, precisamos seguir fazendo a nossa parte, aprimorando o conteúdo oferecido, abrindo novos programas e valorizando projetos nesse cenário que tem várias perspectivas de crescimento”.

Confraternização de ex-alunos

Uma comissão foi criada para organizar, ainda neste ano do cinquentenário do ICMC, um evento de confraternização entre ex-alunos dos cursos de pós-graduação e orientadores. “ A ideia desse evento é celebrar os 50 anos e também essa marca de 3000 defesas, tentando agregar o máximo desses egressos para que eles possam se reencontrar, rever o instituto e ver como estamos agora. Iremos inaugurar uma placa comemorativa com os nomes de todos esses três mil ex-alunos”, disse Adenilso.

A data ainda não foi definida. Acesse as páginas dos cursos de pós-graduação oferecidos pelo ICMC e saiba mais.

 

Texto: Raquel Vieira

 

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